terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Comodidade de alma

Berna, 02 de janeiro de 1947.

"Querida,
Não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma. Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso - nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro. Nem sei como lhe explicar minha alma. Mas o que eu queria dizer é que a gente é muito preciosa, e que é somente até um certo ponto que a gente pode desistir de si própria e se dar aos outros e às circunstâncias. Depois que uma pessoa perder o respeito a si mesma e o respeito às suas próprias necessidades - depois disso fica-se um pouco um trapo.
Eu queria tanto, tanto estar junto de você e conversar e contar experiências minhas e de outras pessoas. Você veria que há certos momentos em que o primeiro dever a realizar é em relação a si mesmo. Eu mesma não queria contar a você como estou agora, porque achei inútil. Pretendia apenas lhe contar o meu novo caráter, ou a falta de caráter, um mês antes de irmos ao Brasil, para você estar prevenida. Mas espero de tal forma que no navio ou avião que nos leva de volta, eu me transforme instantaneamente na antiga que eu era, que talvez nem fosse necessário contar. Querida, quase quatro anos me transformaram muito. Do momento em que me resignei, perdi toda a vivacidade e todo o interesse pelas coisas. Você já viu como um touro castrado se transforma num boi? Assim fiquei eu... em que pese a comparação... Para me adaptar ao que era inadaptável, para vencer minhas repulsas e meus sonhos, tive que cortar meus grilhões - cortei em mim a forma que poderia fazer mal aos outros e a mim. E com isso cortei também a minha força. Espero que você nunca me veja assim resignada, porque é quase repugnante. Espero que no navio que me leve de volta, só a idéia de ver você e de retomar um pouco a minha vida - que não era maravilhosa mas era uma vida - eu me transforme inteiramente.
Uma amiga, um dia, encheu-me de coragem, como ela disse, e me perguntou: "Você era muito diferente, não era?". Ela disse que me achava ardente e vibrante, e que quando me encontrou agora se disse: ou essa calma excessiva é uma atitude ou então ela mudou tanto que parece quase irreconhecível. Uma outra pessoa disse que eu me movo com lassidão de mulher de cinquenta anos. Tudo isso você não vai nem sentir, queira Deus. Não haveria necessidade de lhe dizer, então. Mas não pude deixar de querer lhe mostrar o que pode acontecer com uma pessoa que faz um pacto com todos, e que se esqueceu de que o nó vital de uma pessoa deve ser respeitado. Ouça: respeite mesmo o que é ruim em você - respeite sobretudo o que você imagina que é ruim em você - pelo amor de Deus, não queira fazer de você uma pessoa perfeita - não copie uma pessoa ideal, copie você mesma - esse é o único meio de viver.
Juro por Deus que se houvesse um céu, uma pessoa que se sacrificou por covardia - será punida e irá para um inferno qualquer. Se é que uma vida morna não será punida por essa mesma mornidão. Pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo aquilo que sua vida exige. Parece uma vida amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesma. Espero em Deus que você acredite em mim. Gostaria mesmo que você me visse e assistisse minha vida sem eu saber. Isso seria uma lição para mim. Ver o que pode suceder quando se pactua com a comodidade de alma.
Tua Clarice."

(Em 95, o escritor Caio Fernando Abreu, então colunista do jornal O Estado de São Paulo, publicou essa carta que teria sido escrita por Clarice Lispector a uma amiga brasileira. Ele comenta, no artigo, que não há nada que comprove sua autenticidade, a não ser o estilo-não estilo de escrita de Clarice Lispector. Ele dizia: "A beleza e o conteúdo de humanidade que a carta contém valem a pena a publicação...")

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Mais uma

Complementando a sessão "Ninguém Merece!":
Sair de São Paulo, onde morei 2 anos, tendo enfrentado raríssimos dias de trânsito infernal (já que eu só usava o carro à noite e nos finais de semana), e ENFRENTAR CONGESTIONAMENTO TOOOODOS OS DIAS, a caminho do trabalho, aqui em Maceió, uma cidade desse "tamanhinho"! Aqui não pode ter um atropelamento de barata que tudo pára!!! Solução 1) Baratas, fiquem em casa!; Solução 2) Rodízio urgente! (não o de carne, pelamordeDeus, de quem passo longe há muitos anos!)

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Ciso = diversão!

O nascimento do ciso, para mim, era sinônimo de vida adulta e de dor... E, para muita gente que passou pela experiência, é! O meu primeiro começou a nascer agora (retardado) e, ao contrário do que pensava, está sendo sinônimo de brincadeira de criança! Aquela sensação do novo dentinho, só a pontinha aparecendo... Fico passando a língua nele o dia todo... É o meu mais novo brinquedo!
P.S.: Estava aqui pensando: como é que um pai e uma mãe têm coragem de amarrar um pedaço de fio dental no dentinho de leite de uma criança indefesa, frágil, e ZUM, puxar com tudo?!!! Affff! Se depender da minha coragem, meus filhos engolirão todos os dentinhos quando estiverem dormindo... rssss

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Sessão "Ninguém merece!"


NINGUÉM MERECE:

1) Ficar horas ligando para uma infinidade de pousadas em vááários lugares diferentes e não encontrar vaga em UMA SEQUER para passar o final de ano...;
2) O chefe pedir férias, depois de passar um ano inteiro "na pressão" (ressalte-se que ele tem direito a 60 dias de férias por ano mas, até então, não tinha usufruido um diazinho sequer), e, mesmo assim, continuar indo trabalhar durante o período que seria de descanso (p/ ele e p/ nós, que ficamos! :) ;

3) Estar toda animada ouvindo MP3, eqto caminha na praia, e, de repente, na melhor música, a pilha acabar (no início da caminhada!);

4) Lavar TODA a louça de casa (é, dessa vez eu esperei sujar absolutamente TUDO!);

5) Morar a mais de 2.000km do seu namorado;
6) A conta de telefone!!!

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

1 ano de muitos cafunés!

Em homenagem ao meu gatinho, que nunca dispensa um "cafuné" nas costas...
Obs.: Imagem retirada do site www.bacaninha.com.br