terça-feira, 28 de agosto de 2007

E por falar em saudade...

Tomei a liberdade de escrever aqui o que uma amiga muito querida-e-amada-e-indispensável escreveu num antigo blog dela para mim, quando eu estava indo visitá-la em Campinas...
Amiga linda, roxa de saudades de você!!!

"... que bom que eu tenho em minha vida pessoas como você. Que bom que você existe. Que bom que eu escolhi errado o que fazer naqueles primeiros anos de vida adulta. Que bom que é te saber tão perto, ainda que tão longe. Que bom que é te ter quase ao alcance de um abraço. E que bom, que muito bom é saber que seus sorrisos estão a caminho. Os meus, enormes e acumulados, estão a postos. E se eu chorar, "por favor, entenda / é apenas o meu jeito de dizer o que é amar"."

O livro ou a sabedoria?

Eu sempre ouvi dizer, por aí, os malefícios do ato de dar esmolas. E sempre concordei com todos eles. Mas hoje foi inevitável...
Eu, entrando no carro...
Vem um garotinho correndo de muito longe, aparece na janela e diz: "Tia, me dá um trocado que eu tava olhando seu carro."
Eu, com uma cara de ironia: "Olhando meu carro??? Você está até cansado de tanto que correu para dar tempo de falar comigo."
Ele, com um sorriso um tanto maroto, um tanto inocente, disse: "Ô Tia, sempre que a senhora pára aqui eu olho o carro da senhora. Lembra que até uma vez você me pediu para eu comprar uma água mineral nessa banca para eu pegar o troco?" (Detalhe: esse fato que ele mencionou aconteceu há uns 6 meses! E eu nunca mais apareci lá...)
Aí eu não resisti... dei toda a coleção de moedinhas que achei na bolsa! E ainda saí feliz da vida...
Apelo emocional é covardia! :)

Aproveitando o assunto...
Outro dia estávamos eu, minha família e alguns amigos num bar... entre eles o queridíssimo escritor Rubem Alves...
No meio da noite, aparece um garoto, recitando poesia todo desenvolto (tipo guia turístico) em busca de uns trocadinhos.
A poesia falava sobre Deus encantado com as belezas naturais de Maceió... Dizia, entre outras coisas, que Ele achava delicioso andar de jet sky pelos mares dessa cidade maravilhosa...
O Rubem, como sempre bem-humorado, ao final da poesia, observa: "Olha, adorei a poesia, mas ela contém um erro: Deus não precisa de jet sky para andar sob as águas..."
Resposta do humilde garoto de rua: "Ah, Tio, eu sei, mas é que Deus tava avexado."

"Por isso eu pergunto/A você no mundo/Se é mais inteligente/O livro ou a sabedoria/O mundo é uma escola/A vida é um circo/Amor palavra que liberta/Já dizia o Profeta"
Música que Marisa Monte compôs em homenagem ao "Profeta Gentileza", um andarilho que caminhava pelas ruas do Rio de Janeiro pregando o amor, a bondade, o respeito pelo próximo e pela natureza

sábado, 25 de agosto de 2007

Amo, logo existo

"...sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor pois se eu me comovia vendo você pois eu acordava no meio da noite só para ver você dormindo. Meu Deus como você me dói vez em quando. Eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio de uma praça então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você sem dizer nada... só olhando olhando e pensando meu Deus ah meu Deus como você me dói vez em quando". Caio Fernando Abreu

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Milágrimas

Milágrimas
(Itamar Assumpção e Alice Ruiz)

Em caso de dor ponha gelo
Mude o corte de cabelo
Mude como modelo
Vá ao cinema dê um sorriso
Ainda que amarelo, esqueça seu cotovelo
Se amargo foi já ter sido
Troque já esse vestido
Troque o padrão do tecido
Saia do sério deixe os critérios
Siga todos os sentidos
Faça fazer sentido
A cada mil lágrimas sai um milagre

Caso de tristeza vire a mesa
Coma só a sobremesa coma somente a cereja
Jogue para cima faça cena
Cante as rimas de um poema
Sofra penas viva apenas
Sendo só fissura ou loucura
Quem sabe casando cura
Ninguém sabe o que procura
Faça uma novena reze um terço
Caia fora do contexto invente seu endereço
A cada mil lágrimas sai um milagre

Mas se apesar de banal
Chorar for inevitável
Sinta o gosto do sal do sal do sal
Sinta o gosto do sal
Gota a gota, uma a uma
Duas três dez cem mil lágrimas sinta o milagre
A cada mil lágrimas sai um milagre

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Amar, apesar de

Sabe aqueles momentos em que, a despeito de você não estar nos seus melhores dias, a única coisa que você quer é dar colo ao outro?! É nessas horas que compreendo as palavras do Quintana: "Amar é mudar a alma de casa."

domingo, 12 de agosto de 2007

Dia dos Pais


Paizinho,

Pelo exemplo de caráter e honestidade,

Pelas demonstrações de carinho, sempre discretas e sinceras,

Pela confiança na minha capacidade,

Pelos sonhos que você me ajudou (e ajuda) a realizar,

Pela cumplicidade,

Pela solidez da nossa família,

E por você ser o único homem no mundo que eu gostaria de ter como pai,

EU TE AMO COM TODAS AS MINHAS FORÇAS! Obrigada por tudo!!!

Um beijo bem demorado, com muito amor, carinho, respeito e admiração,

Sua filha-lagarta (lembra dos caroços de goiaba que você me dava?!).

P.S.: O Steve Martin parece, queria ser, mas não é! :)

sábado, 11 de agosto de 2007

"Saudade engole a gente..."

"A Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida." Clarice Lispector
Aprendi a conviver com a saudade por necessidade. Ou aprendia, ou ela me engolia. Mas confesso que, de vez em quando, ela me maltrata um pouquinho... Nem bate na porta... entra sem pedir licença e sai ocupando cada pedaçinho de mim... E permanece... Latejante! Hoje ela estava assim.... doeeendo! Aí resolvi fazer um brigadeiro, para ver se ela me esquecia... Não é que acabei queimando meu dedo... Agora estou aqui... com a saudade e com meu dedo... Latejantes!

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Falta de tempo X Inspiração

Enquanto a falta de tempo bloqueia a inspiração, enquanto a realidade ofusca a poesia, abaixo um texto de Clarice Lispector, sempre maravilhosa:

"POR NÃO ESTAREM DISTRAÍDOS

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos."
in "Para não esquecer" - 5ª ed. - Siciliano - São Paulo, 1992

domingo, 5 de agosto de 2007

Mimosa-Pudica


Você já ouviu falar em "Mimosa-Pudica"? Esse é o nome científico para uma espécie de planta sensitiva. "Ao serem tocadas, as suas folhas se fecham. Essa ação é um tipo de proteçao da planta. Têm por finalidade que a folha se afaste de um predador.
Dessa forma, a cada toque que a planta recebe (que seria recebido como ameaça) ela se fecha pois algumas células, localizadas na base de cada folha consegue perder água rapidamente. O cálcio e o potássio, elementos que estão presentes nesta planta - são responsaveis por direcionar a água para alguns espaços entre as células, causando o tal fechamento, ou encolhimento. Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Sensitiva"

Estava pensando esses dias... Você nunca esbarrou na sua vida com uma pessoa "sensitiva"? São aquelas cheias de proteções; ao primeiro sinal de perigo se fecham, não arriscam, não se entregam... Só se abrem quando não existe nada ameaçador por perto. No fundo, acho que a maioria de nós é assim: escondemos nossas fragilidades sob o manto de uma aparente independência e pseudo-força. É mais fácil nos mantermos incólumes se não existe entrega, é mais fácil sermos prudentes do que convivermos com a dor da perda. Será que esse é o caminho? Prefiro concordar com a lição do Drummond: 'A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.'

Uma boa entrega p/ vc! Beijinhos...