terça-feira, 3 de agosto de 2010

A (não) revelação

Hoje eu pensei em te falar. Pensei em te comprar um presente, pensei nos versos que escreveria nele. Pensei em te mostrar e fazer tanta coisa. Essas coisas que há tempos eu ando escondendo das pessoas e de mim mesma. Porque essa intensidade suga minhas energias. E até que andava bem nos últimos tempos, fingindo viver sem ela. Isso de cidade grande, que te empurra para o nada emocional...
E aí vem você, com esses olhos tão profundos... espelhos que refletem uma imagem já tão esquecida de mim... mulher, bonita, leve, poeta...
E é quando essa vontade de beber a vida até a última gota toma conta de mim, quando sou invadida por uma beleza imensa vinda de coisas tão pequenas, quando aprendo a, finalmente, me distrair – aquela necessária distração de que você tanto falava, esses mesmos olhos me olham, já vazios, e se fecham, em despedida.

"E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim." - Caio Fernando Abreu

Um comentário:

Rodrigex disse...

Muito bom!
Adorei o texto está de parabéns!